Vivemos tempos acelerados. A rotina exaustiva, os prazos apertados e as inúmeras responsabilidades fazem com que o tempo para si mesma se torne um luxo raro. Para muitas mulheres, especialmente aquelas que carregam o peso histórico da sobrecarga doméstica e emocional, encontrar brechas para o descanso e o prazer ainda parece um desafio.

Em Ensaios de Despedida, a escritora e psicanalista Elisama Santos narra a trajetória de Cristina, uma advogada que, após vinte anos de casamento, decide se reconectar com sua própria história. Ao revisitar as memórias de sua vida e das mulheres de sua família, Cristina escancara o impacto do silêncio e da submissão — padrões que, por gerações, moldaram a maneira como tantas mulheres abriram mão de si mesmas.

Esse contexto é reforçado pela pesquisadora Cláudia Regina Bonalume, que, em seu estudo O Lazer das Mulheres: Uma Ação Política, aponta como o trabalho não remunerado, sobretudo o doméstico e de cuidado, consome boa parte do tempo das mulheres, restringindo significativamente seus momentos de lazer. E mesmo quando o tempo livre existe, ele nem sempre é vivido da forma que se gostaria. A culpa, a cobrança e a expectativa de ser boa em tudo ainda estão ali, rondando o descanso.

Mas uma semente de mudança começa a brotar — e ela vem de lugares aparentemente simples.

Nos últimos anos, vimos crescer uma tendência que resgata práticas antigas, quase esquecidas, como bordar, tricotar, fazer cerâmica, cuidar de plantas, escrever à mão, cozinhar com calma, pintar, montar quebra-cabeças ou mesmo organizar álbuns de fotos. Os hobbies manuais voltaram a ocupar espaço nas casas e nos corações de muitas mulheres, não como passatempo inocente, mas como gesto político, terapêutico e profundo de autocuidado.

Essas práticas, somadas aos chamados rituais de descanso — como fazer um chá, preparar um banho demorado, colocar uma música tranquila ao entardecer — nos convidam a desacelerar e reconectar com o agora. E, principalmente, com nós mesmas.

A escritora Gisele Miranda, em A Coragem de se Apaixonar por Você, nos lembra com carinho e firmeza: "Não é verdade que você precisa ser boa o tempo todo; se permita escolher aquilo que você quer ser boa." E talvez seja hora de ser boa em cuidar de si. Em descansar. Em existir para além das demandas.

Na Wora, acreditamos que vestir-se com conforto e estilo é mais do que uma escolha estética: é um lembrete diário de que você importa. Que seu bem-estar é prioridade. Que cada mulher merece se sentir acolhida por si mesma — seja num vestido leve, num momento de silêncio, num bordado feito com carinho ou numa xícara de chá quente ao final do dia.

Permita-se esse tempo. Ele não é perda, é potência.

Porque o autocuidado não é egoísmo — é resistência.